quinta-feira, 16 de maio de 2013

Viva! Descobriram o Pará.

- Nicias Ribeiro
- Engenheiro eletrônico

Na ultima sexta-feira, 10/05/2013, ocorreu um “Encontro” dos prefeitos do Pará, no Hangar – Centro de Convenções, que contou com a presença do governador Simão Jatene e das ministras Idelí Salvatti (das Relações Institucionais), Mirian Belchior (do Planejamento, Orçamento e Gestão), Tereza Campello (do Desenvolvimento Social e Combate a fome) e outras autoridades.
Como é normal, em eventos dessa natureza, houve uma serie de discursos, dentre os quais pinço o da Ministra Ideli Salvatti, que impressionou-me sobremaneira, especialmente quando, referindo-se ao “Pedral do Lourenço”, no alto rio Tocantins, no município de Itupiranga,S. Exa. disse “esta pedra vai ter que sair do nosso caminho, porque esta pedra não só atravanca o Pará, esta pedra atravanca o Brasil”, o que, sem duvida, é uma verdade inconteste. O diabo é que essa pedra, a que se referiua ministra, está lá há milhões de anos, e, apesar das Eclusas de Tucuruí terem sido inauguradas pelo ex-presidente Lula em 2010, portanto hà quase 3 anos, esta pedra continua lá, no mesmo local, dificultando a utilização do rio Tocantins como hidrovia, naquele trecho, tornando inútil a constr ução das Eclusas de Tucuruí que, aliás, foi uma das maiores lutas do povo do Pará e cujas obras tiveram inicio, ainda, nos anos 80, no governo do ex-presidente João Figueiredo.
Adiante, dando continuidade a sua fala,a Ministra Ideli disse, em alto e bom som, que “tem uma questão que é muito importante para o Pará e também para o Brasil, que é a gente parar de exportar só matéria-prima, precisamos agregar valor e a siderurgia é fundamental”. E complementou; “São por estas e outras questões que os ministros estão hoje aqui”. Confesso que estou estupefato! Será que a Ministra Ideli Salvatti não sabia que essa é uma das maiores lutas do Pará? Até porque é falta de inteligência,exportar só matéria prima sem agregar nenhum valor.Por outro lado, será que S. Exa. não sabia que o ex-presidente Lula esteve em Marabá, em 2010, inaugurando a pedra fundamental da dita siderúrgica, a ALPA (Aços Laminados do Pará) eque até agora sóestána terraplenagem do terreno?
Em seguida, destacando que o Pará é peça estratégica do planejamento nacional para o escoamento da produção do País, a ministraIdelí disse: “O Pará é um estado muito importante, é o maior da região Norte e é estratégico para o nosso País. É importante para a geração de energia e é neste estado que o governo federal tem a obrigação de inverter a lógica do transporte e do escoamento da produção do nosso país, que hoje está concentrado no Sul e Sudeste, principalmente nos portos de Santos e Paranaguá”.
Viva! Até que enfim descobriram o Pará. Mas, porque só agora? No final do governo da presidente Dilma? Porque não antes, quando havia tempo para sair do discurso e executar a derrocagem do “Pedral do Lourenço”e viabilizar, de fato, a hidrovia Araguaia-Tocantins? Implantarefetivamente a siderúrgica de Marabá?Concluir de verdade a pavimentação da BR-163 de Cuiabá à Santarém? Uma vez que, pelo visto, a pavimentação dessa rodoviatalvez seja concluída sóaté o porto de Miritituba, em frente a cidade de Itaituba, de vez que no trecho que vaido Distrito de Campos Verdes até Rurópolis as obras estão literalmente paradas, e os 20 km do eixo Norte, que liga Rurópolis à Santarém, continuam a espera do asfalto e as pontes, neste trecho, continuam de madeira. Isto sem falar na Transamazà ´nica (BR – 230), que talvez seja concluída a pavimentação de Novo Repartimento à Altamira e de Altamira à Medicilândia,apesar de, neste trecho, aspontes continuarem de madeira;enquanto o trecho Medicilândia à Rurópolis, equivalente a 240Km, continua sendo uma estrada de chão, sem nenhum asfalto. E a BR-422, que liga Novo Repartimento à Tucuruí (62 Km) eque integra a região da Transamazônica a malha rodoviária do estado, vai continuar sendoestrada de chão, sem nenhum asfalto?
Será que as ministras vieramaquí, apenas, renovar as esperanças? Ou de fato descobriram o Pará como solução para o Brasil, não só na geração de energia, mas, também, na exportação da produção de grãos, acabando com os gargalos dos Portos de Santos e de Paranaguá? Será?...