sábado, 22 de março de 2014

Hidrovia, quando se realizará?


Gerson Peres
Professor, advogado e político


               Após uma longa espera, parece que a decantada, por longos anos, hidrovia Araguaia X Tocantins vai sair, em sua primeira etapa, com o derrocamento do Pedral do Lourenço, que permitirá as Eclusas não se transformarem em um “Elefante Branco”. A presidenta Dilma veio ao Pará. Será mesmo que nos deu a honra de aqui pernoitar? Entregou mesmo a autorização para o início da construção da obra? Desculpe-me a dúvida, a demora gerou a desconfiança. Esta Hidrovia para ser concretizada tem uma longa história entre promessas de realização e não cumpridas. Os paraenses que lhe deram no último pleito, a Vitória no Estado esperam que, entre a entrega da autorização e a conclusão do derrocamento deste pedral, não demore tanto tempo à sua definitiva construção. Estão cansados de ver as grandes obras não terminarem, como a transamazônica, a Cuiabá X Santarém, a Siderúrgica de Marabá, e outras na educação e na saúde. Os governos presidencialistas se planificassem e se fixassem nos projetos estruturantes ao crescimento e desenvolvimento do país, claro que os índices atuais das desigualdades regionais não seriam tão aviltantes. Como são. A importância das hidrovias, em matéria de transporte, é comprovada pelo seu valor histórico de desenvolvimento. É a filha mais velha da antiguidade. Comprove-se, em síntese, essa lembrança histórica. Os egípcios, há cinco mil anos utilizavam, como um corredor de transportes, o rio Nilo. No século XIX, antes de Cristo, uns dos Faraós, abriu um canal entre um tributário da foz do Nilo e o mar vermelho, usado até o século VIII depois de Cristo. Coube aos chineses a construção da maior hidrovia singular do mundo, o grande canal Pequim x Hangzhou, com a extensão de cerca de 1.800 km, construído entre os séculos V antes de Cristo e o VII depois de Cristo. Historicamente, longa é a utilização das hidrovias, quer em toda a Europa, entre rios, por exemplo, o Volga, o Danúbio, o Reno e outros como os canais construídos para ligar rios entre si e possibilitar o transporte, economicamente, mais barato. Detalhes sobre o histórico e informações técnicas sobre hidrovias, você que me lê pode encontrar no que chamo de pequeno maior grande livro: “A hora das hidrovias estradas para o futuro do Brasil”, de “Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco e Nilder Costa”. Estão de parabéns, por ensinarem, profunda e tecnicamente as hidrovias, e suas importâncias sócio econômicas, em 152 páginas ricas de conhecimentos. A presidenta Dilma para se sair bem desta jornada trate de derrocar o Pedral de Lourenço dentro do prazo. Se não fizer assim, a hidrovia Araguaia x Tocantins, entrará no calendário das obras inacabadas no Pará, o que não lhe desejamos. Das décadas de espera para estas hidrovias vir agora ser construída, em sua primeira etapa, pode-se concluir que “o país ainda mostra enormes desigualdades sociais e regionais e não conseguiu configurar um projeto de desenvolvimento integrado, equitativo e sustentado por vários governos sucessivos, capaz de motivar e criar as sinergias internas necessárias para um salto coletivo a um patamar superior de progresso sócio econômico”. O Brasil para atingir a condição de Nação plenamente desenvolvida, pela vontade dos que a governam, deverá acatar esta verdade, doutra forma, o povo paraense continuará sendo marginalizado por essa cruel desigualdade que nos entristece e se estende a todo o Norte do Brasil.