terça-feira, 25 de março de 2014

Marabaense perde a paciência com as operadoras de celular

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O sistema de telefonia móvel no Brasil vem deixando a desejar. Em Marabá, o usuário sente o problema na pele, todos os dias e já faz tempo. Não há quem não se desespere com a dificuldade de conseguir completar uma chamada. O marabaense já não aguenta mais.

Pior é que as empresas que “exploram” o setor parecem incompetentes para melhorar o sinal na cidade. Prova disso é que várias iniciativas têm sido tomadas neste sentido, mas os problemas só persistem.

Na quinta-feira passada, dia 20, quando a presidente Dilma Rousseff esteve em Marabá, a telefonia simplesmente “apagou”. Era preciso tentar até quatro vezes para conseguir completar uma ligaçãozinha local. Isso ocorreu muito provavelmente porque as linhas ficaram congestionadas naquele dia, em razão da vinda da presidente. Era muitas gente usando os parcos serviços das operadoras ao mesmo tempo.

Tem até uma operadora que não está mais cobrando tarifa para que o usuário tenha direito a deixar recado na caixa postal, como se, de certa forma, reconhecesse que é uma sacanagem colocar na conta do usuário uma falha do seu próprio sistema, pois muitas vezes o celular está ligado e, mesmo assim, as chamadas são direcionadas para a caixa de mensagens porque o sistema está estrangulado naquele momento.

E entre as medidas tomadas em Marabá estão ações movidas pelo Ministério Público, além de uma audiência pública já realizada na Câmara Municipal com representantes da VIVO; e outra audiência que será feita nesta quarta-feira (26), por representantes da CPI da Telefonia na Assembleia legislativa do Estado, aqui em Marabá.

Outra medida foi a criação de uma delegacia regional da Anacel – Associação Nacional de Consumidores de Energia Elétrica e Telecomunicações.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema em Marabá, a entidade foi aberta no dia 11 deste mês e de lá para cá, já foram registradas 102 reclamações apenas contra a Vivo.

Entre as pessoas que reclamam está a dona de casa Domingas Pereira de Souza, residente no Bairro Liberdade. O problema enfrentado por ela vai além de não conseguir completar ligações, mas tem como raiz os problemas no sinal e falta de compromisso com o consumidor.

“Eu fiz uma recarga dia 21, às 3 horas da tarde, e até hoje não caíram os créditos no meu celular; já liguei várias vezes para a Vivo, aí eles me pediram várias informações e eu dei sempre; por último me pediram para eu ir num cyber escanear o comprovante e enviar; isso eu já fiz, mas eles nunca resolveram nada”, desabafa.

O delegado da ANACEL em Marabá, Jader dos Santos, confirma que casos como o da dona Domingas são comuns em Marabá, por isso, com base no Código de Defesa do Consumidor, é possível mover ação coletiva contra as empresas de telefonia.

“O próprio Artigo 22 do Código de Defesa do Consumidor diz que no caso de péssima prestação de serviços, o consu8mnidor pode ser ressarcido dos danos, então já estamos fazendo uma ação coletiva contra as operadoras e quero fazer isso esta semana ainda, estou só juntando aqui uma quantidade X”, afirma Jader.

Mas o pior é que os problemas apresentados pelas empresas de telefonia móvel em Marabá não são pontuais. São gerais e passam principalmente pela falta de sinal, o que acarreta prejuízos para quase todos os clientes.

É o que explica o advogado Haroldo Silva Júnior. Quando era presidente da subseção local da OAB, ainda em 2011, Haroldo ingressou fez uma representação no Ministério Público, que gerou uma ação civil pública contra as empresas de telefonia móvel.

Ele relata que a constante falta de sinal é mãe de diversos problemas: “A gente deixa de fechar contrato, a gente deixa de comparecer a compromissos por causa do sistema de telefonia. Às vezes até informações que a gente tem que pegar imediatamente com o cliente para poder colocar na petição, nós deixamos de colher porque a gente não consegue falar por telefone”.



Medidas tentam sanar problemas

O coordenador local do PROCON, Ubiratan Sompré, já enviou à prefeitura o relatório das principais reclamações em Marabá, que deve ser divulgado em breve na página oficial do município. O documento revela que, depois da Celpa, são as empresas de telefonia celular os principais motivos de queixa do consumidor. “Providências já estão sendo tomadas pelos vereadores, pelo PROCON, Defensoria Pública e pelo Ministério Público, que já vai entrar com uma ação civil pública”, relata Sompré.

Nesta quarta-feira (26), três deputados estaduais que compõem a CPI da Telefonia estarão em Marabá para participar de audiência pública na Câmara Municipal com o objetivo de ouvir da comunidade local os problemas e transtornos decorrentes da má prestação de serviços das operadoras de telefonia Oi, TIM, Vivo e Claro no município.

A audiência será coordenada pela Câmara Municipal de Marabá, em parceria com a CPI da Telefonia da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Foram convidados para a audiência, além dos deputados, os diretores das quatro operadoras de telefonia, Ordem dos Advogados do Brasil (Subseção de Marabá), Promotoria do Consumidor de Marabá, líderes comunitários, entre outras personalidades, entidades e instituições.

Para quem acompanha mais atentamente o assunto, o grande problema não está no simples fato de as empresas de telefonia oferecem mais do que dão conta de entregar, mas está na raiz disso: o monopólio, ou melhor – nesse caso –, o oligopólio.

Juntas, Vivo, TIM, Oi e Claro detêm 80,6% do mercado de celulares, estrangulando os concorrentes que não conseguem competir com os custos altos e os preços baixos ao cliente.



Empresas prometem melhorias

Quando esteve na Câmara Municipal de Marabá, explicando aos vereadores e à sociedade os motivos de tantos problemas no seu sistema, a VIVO disse, por meio de seus representantes, que tem uma estratégia para melhorar o atendimento em Marabá.

Essa estratégia consiste num projeto que está em execução que prevê o aumento em 60% da capacidade do site para melhorar o sinal de telefonia. A empresa acredita que com a ampliação do serviço, haverá melhor qualidade do sinal.

A previsão da empresa é instalar 16 novas antenas em vários pontos da cidade - a maioria novos bairros – para se juntar às 21 já existentes e que não estão dando conta da demanda atualmente.

Já a TIM informou que vem investindo constantemente na sua rede. Somente em 2014, a previsão é de que sejam investidos R$ 90 milhões no fortalecimento da sua rede no Pará. A operadora ainda entrega um dos mais importantes backbones do país, em mais uma etapa do processo de expansão e oferta de serviços com melhor qualidade em todo território nacional, e que beneficiará diretamente o estado.

“A Linha de Transmissão Amazonas ligará cidades do Pará, Amazonas e Amapá por fibra óptica, movimentando o investimento de aproximadamente R$ 200 milhões que, além de aumentar a capacidade de voz e dados, permitirá que a companhia saia de uma estrutura satelital para terrestre, utilizando torres de transmissão de energia elétrica.”

Ainda de acordo com a TIM, todo esse trabalho poderá ser acompanhado pelos clientes no site Portas Abertas (www.tim.com.br/portasabertas), iniciativa inédita da companhia no mercado de telecomunicações e que mostra aos consumidores – de forma didática e transparente – a evolução da rede da empresa e as ações de melhoria realizadas.

Fonte: Marabá Notícias